A semente

A semente

Por Andrea Alvares

“Era uma vez uma menina que queria ser amada.” Assim começa a minha história com a sustentabilidade. Simples assim. Como toda criança pequena que quer ser querida por seus pais e amigos, eu me esforçava para acertar. Foi assim que aprendi a exercitar a empatia e a me colocar no lugar do outro. E o que isso tem a ver com sustentabilidade? A meu ver, empatia e sustentabilidade andam de mãos dadas, e a primeira é condição necessária para que se entenda, de fato, a segunda.

Porque pensar de maneira sustentável significa pensar no outro. Significa pensar de forma sistêmica. Significa pensar em causa e efeito. Significa pensar no amanhã. Nosso modelo de crescimento, baseado na busca da produtividade monodimensional, mostra-se cada vez mais limitado, levando-nos a um estado de esgotamento dos recursos não renováveis. As implicações dessa realidade são brutais não só para os negócios, pois sofrerão os custos dessas externalidades, mas também para a vida em nosso planeta.

Mas há alternativa, e esta, no meu entender, passa pelo trabalho em rede na busca por novos modelos de negócios e de uma nova maneira de estabelecermos relações de confiança entre sociedade civil organizada, iniciativa privada, governo e academia. Pois, mesmo que o ponto de vista seja distinto, todos queremos resolver os desafios da convivência de nove bilhões de pessoas em um mesmo planeta, no futuro, ao mesmo tempo em que buscamos inclusão social e econômica, dinamismo dos mercados e a preservação dos recursos naturais, que são a garantia da perpetuidade da nossa espécie.

Para que a sustentabilidade saia do conceito (ou preconceito!) e vire prática, ela precisa ser mais do que uma ideia, precisa ser um valor. Porque não existe um caminho pré-definido para a busca da sustentabilidade na vida e nos negócios: existem as decisões que tomamos todos os dias; e se agimos pensando apenas no hoje e em nós mesmos ou também no amanhã e na comunidade na qual vivemos.

A escolha pela segunda alternativa é difícil, porque implica mudança de comportamento, menos conforto ou a necessidade de um esforço adicional. Mas tem também recompensas incríveis. Além de muitas vezes representar maior eficiência na cadeia e melhores resultados para os negócios, traz um sentimento de propósito por nos sentirmos parte de algo maior. E não existe ferramenta mais poderosa de engajamento de talentos vitais ao êxito dos negócios do que o sentimento de propósito.

Por tudo isso, a PepsiCo há anos trabalha o conceito de Performance com Propósito como uma agenda estratégica que norteia nosso caminho. Porque acreditamos que o desempenho financeiro sustentável – o oxigênio que viabiliza a continuidade das empresas – deve vir acompanhado dos pilares de sustentabilidade humana – a busca por estilos de vida mais naturais e soluções para que os consumidores possam ter opções de produtos saborosos e saudáveis; de sustentabilidade ambiental – a busca contínua pelo uso eficiente dos recursos de energia e água, além de soluções que minimizem nosso impacto ambiental; e a sustentabilidade de talentos – a busca pelo desenvolvimento da nossa gente e melhoria das comunidades onde operamos.

E temos desafios diários também, pois a busca pela sustentabilidade é um caminho no qual a falta de referências ainda é a regra. Por isso, precisamos sensibilizar mais e mais pessoas para essa agenda. Precisamos sofisticar nossos modelos de análise financeira para que tenhamos análises, de fato, sistêmicas.

Acredito que o Brasil pode liderar essa agenda. Nossa iniciativa privada prova-se cada dia mais sofisticada e capaz de operar com eficiência em todo o mundo; nosso povo é um dos mais conscientes e alertas para a questão ambiental e aumenta a sua consciência da necessidade da educação como pilar para o crescimento; nosso país mostra sua intenção de construir uma agenda de planejamento de crescimento estratégico com o Plano Brasil Maior e há várias organizações, como o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), que já dispõem de instrumentos como o Visão 2050 e o Changing Pace para facilitar o caminho para a sustentabilidade. O que nos falta é alinhar todas essas potencialidades por meio da inclusão da sustentabilidade como agenda estratégica para o país. Precisamos acreditar e trabalhar para que cheguemos lá.

Andrea Alvares é presidente da Divisão de Bebidas Brasil da PepsiCo.

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