Cooperação em escala global

Cooperação em escala global

Cooperação em escala global: o maior desafio da gestão das organizações

Por Ricardo Corrêa Martins

Uma série de fenômenos complexos tem desafiado a humanidade no século XXI.

Em um ambiente de interdependência das organizações humanas em escala global, as crises financeiras recorrentes, com sérios impactos sociais, e a gravidade da degradação ambiental, decorrente do crescimento econômico, evidenciam que é insustentável o atual modelo de desenvolvimento, baseado na cultura do consumo.

A necessidade de um crescimento sustentável em todas as suas dimensões e da gestão da inovação para esse fim tornou-se tema dos mais importantes na administração das empresas na última década. Uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) com as filiadas à instituição confirma esse cenário, ao constatar que 97% dessas organizações consideram fundamental inovar para buscar a sustentabilidade, tanto do negócio quanto da economia e do planeta. No entanto, o mesmo levantamento revelou que 70% dos entrevistados acreditam que as empresas estão preocupadas, mas não investem em inovação para a sustentabilidade.

Esse resultado da pesquisa mostra que as organizações carecem de ações inovadoras e que sejam, de fato, sustentáveis. Os esforços atuais para solução desses desafios, na maioria dos casos, mitigam apenas temporariamente os processos globais de degradação ambiental e de desigualdade social, gerando ainda pouca contribuição efetiva para o desenvolvimento sustentável de toda a humanidade.

Medidas mais comumente aceitas, tais como a redução da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, são relevantes para a amenização do aquecimento global. Entretanto, não suficientes, uma vez que a magnitude absoluta dos problemas cresce em escala global com o crescimento da humanidade.

O processo atual de desenvolvimento sustentável tem sido mais uma adaptação do ambiente em que vivemos do que a visão de um ideal para o futuro. Em uma sociedade fundamentada na cultura de consumo e no crescimento exponencial do uso dos recursos naturais, o foco dos esforços para o desenvolvimento sustentável tem se voltado para a remediação gradativa dos sintomas e não a solução de suas causas fundamentais.

Diante dessa situação, há a necessidade de uma mudança de cultura e de atitude da sociedade, originada principalmente na gestão de suas organizações, sejam elas públicas ou privadas.

A humanidade e suas organizações são sistemas vivos, integrantes de ecossistemas complexos e adaptativos em nosso planeta, com os quais interagem e dos quais dependem.

Paradoxalmente, pesquisas recentes em biologia evolutiva evidenciam que o principal agente de desenvolvimento da espécie humana é sua capacidade de cooperar e se organizar das mais diversas formas. Essa visão sistêmica precisa, então, ser incorporada ao processo de gestão da inovação, e o ideal de cooperação para a sustentabilidade deve fazer parte do planejamento estratégico e da agenda das organizações de forma concreta e com entendimento mais amplo.

O conflito entre o que é desejável para a sociedade e o que é aceito pelo indivíduo está presente em quase todos esses desafios. O maior de todos – salvar o planeta maximizando o bem-estar coletivo – não poderá ser resolvido apenas com inovação tecnológica.  É necessário que a gestão, de maneira global (incluindo a de organizações, sociedade e planeta), promova a cooperação entre todos em harmonia com o meio ambiente.

Para isso, torna-se importante gerir a criatividade da espécie humana, refinando e ampliando nossa capacidade de cooperar e inovar na gestão das organizações. Na natureza e em nosso planeta, cooperação é essencial à vida.

Ricardo Corrêa Martins é diretor institucional da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

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