6º Estudo NEXT – Construção – Tendência 3 – Projetos sistêmicos

6º Estudo NEXT – Construção – Tendência 3 – Projetos sistêmicos

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Adotar um olhar sistêmico desde a concepção de um projeto resulta em menor quantidade de retrabalhos, tempo de execução da obra, desperdícios de recursos materiais e financeiros e acidentes de trabalhos, entre outros benefícios. Ao se empenhar em inserir a sustentabilidade em todas as suas fases de atuação, o setor da construção pode melhorar não apenas os seus empreendimentos e a sua imagem, mas também o espaço urbano como um todo

Sustentabilidade total


A etapa de projeto é fundamental para o sucesso de qualquer obra. Se mal planejada, vai enfrentar riscos e surtir impactos diversos, sejam eles ambientais, sociais, de curto ou de longo prazo.

Conforme discutido na Tendência 2, uma edificação não se caracteriza como sustentável apenas por usar materiais ecologicamente corretos, mas sim, quando vai além e insere questões de eficiência nas fases de instalação/operação e ainda integra uma ideia de desenvolvimento urbano complexa, que leva em conta suas conexões com o meio ambiente local e as comunidades do entorno.

O que desponta no setor da construção é a tendência de conceber projetos cada vez mais sistêmicos, capazes de considerar as questões de sustentabilidade desde a seleção de materiais e metodologias mais eficientes, passando pela superação de visões estritamente mercadológicas e pela integração da equipe de profissionais envolvida – a fim de promover troca de conhecimentos entre engenheiros e arquitetos, por exemplo – até chegar a um plano maior de infraestrutura e planejamento urbano, resultando em melhorias graduais das condições de habitação.

A eficácia dos projetos sustentáveis, portanto, está atrelada à escolha de uma equipe multidisciplinar com visão holística sobre os impactos das obras e sua importância para o desenvolvimento urbano.

O relatório Condutas de sustentabilidade no setor imobiliário residencial, do Secovi-SP, aponta  diversas vantagens relacionadas à adoção de um olhar sistêmico nas obras, especialmente a redução de retrabalhos, do tempo de concepção e execução da obra (devido à maior integração dos profissionais envolvidos), das perdas materiais e, como consequência, dos riscos financeiros.

No Brasil, o mercado para empreendimentos sustentáveis ainda se destaca como um nicho diferencial, mas as empresas de vanguarda desse movimento já perceberam que os requisitos socioambientais tendem a perder o status de particularidade para se tornar um pré-requisito, como já acontece em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Dessa forma, quem sai na frente já garante algumas vantagens de competitividade no futuro.

O desafio não reside apenas na edificação de novos empreendimentos baseados nos valores da sustentabilidade, mas também na recuperação/restaurarão de antigas construções, adaptando-as com tecnologias mais limpas e soluções socioambientais – processo chamado de retrofit. Os esforços não custam barato; porém, rendem ganhos significativos, como melhora de reputação da marca responsável pela obra, requalificação urbana e o próprio aumento da vida útil do projeto.

Em entrevista ao NEXT, a doutora em Arquitetura e Construção Civil, Kátia Punhagui, ressalta a diferença entre o panorama brasileiro e o internacional. Segundo ela, nos Estados Unidos e na maior parte dos países europeus, existem dados sobre materiais sustentáveis para a construção disponíveis gratuitamente na internet, ou seja, se o empreendedor quiser saber o quanto um bloco de cerâmica emite de CO2, ele encontra a informação com facilidade. Sem falar nos subsídios e políticas públicas para incentivar os profissionais a atuar de forma mais sustentável desde a concepção dos projetos.

Segundo a pesquisa Climbing the Curve: 2015 Global Construction Project Owner’s Survey, da KPMG International, nos Estados Unidos, 84% dos donos de projetos no setor da construção entrevistados utilizam análises de risco e financeira e 74% contratam analistas de estratégia antes da aprovação e da entrega formal, com a intenção de evitar insegurança e consequências indesejadas ao longo da obra. Precaução que se converte em credibilidade com investidores e atração de recursos.

Uma postura mais sustentável em toda a sua cadeia e em todo o ciclo de vida de suas iniciativas pode reduzir os riscos de uma indústria bastante vulnerável às oscilações de crédito – tanto para produção quanto para venda. Só no Brasil, por exemplo, espera-se uma retração de aproximadamente 5% do PIB do setor para 2015, segundo dados da FGV-IBRE e SINDUSCON-SP.

Felipe Faria, diretor gerente do Green Building Council (GBC) no Brasil, alerta para a necessidade de mais investimentos em projetos com visão holística. Afinal, trata-se da manutenção e da continuidade dos centros urbanos, considerando não apenas a estética das cidades, mas a relação homem-meio ambiente.

Os benefícios, portanto, são mútuos. Enquanto o empreendedor encontra vantagem na rentabilidade ao reduzir gastos na compra de materiais e na manutenção, o consumidor ganha conforto em casa, no trabalho e por onde mais passar.

Complementando esta tendência, Ziegbert Zanettini, arquiteto e professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e Mario Cucinella, arquiteto e designer italiano, contribuem com reflexões e provocações a respeito da visão sistêmica aplicada a projetos do setor da construção.

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