6º Estudo NEXT – Construção – Tendência 6 – Desenvolvimento da cultura de sustentabilidade para os stakeholders

6º Estudo NEXT – Construção – Tendência 6 – Desenvolvimento da cultura de sustentabilidade para os stakeholders

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Uma vez que as empresas não atuam sozinhas na indústria da construção, também não vão conseguir agir de modo sustentável sem que seus stakeholders estejam alinhados com seus valores sociais e ambientais. Promover uma cultura de sustentabilidade na cadeia implica, além de significativas mudanças internas nas companhias do setor, atualizações nas universidades e escolas de negócios – que devem formar profissionais atentos a princípios de ética e ecoeficiência – e no relacionamento entre os players do mercado.

Educar para aculturar


Ao longo deste estudo, corroborou-se a importância de se inserir a sustentabilidade em todas as fases do processo de construção. Para que essa ideia ganhe abrangência no setor, porém, é imprescindível educar toda a cadeia: administradoras, associações profissionais, empresas públicas, concessionárias de serviço público, construtoras, escritórios de arquitetura e de engenharia, fabricantes de equipamentos e de materiais, imobiliárias, incorporadoras, instituições financeiras, organizações sociais, órgãos do governo, prestadores de serviços, transportadores, varejistas, atacadistas e, em especial, as instituições de ensino.

Ideia Sustentável propõe um foco sobre a abordagem do conceito desde as universidades para que se possa falar efetivamente em construções sustentáveis. Segundo dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, em inglês), nunca houve um número tão alto de jovens entre 10 a 24 anos na história.

Trata-se de 1,8 bilhões de pessoas que já vivem e vão viver pressões cada vez maiores do mercado de trabalho cobrando dos profissionais visões analíticas sistêmicas, capazes de encontrar soluções integradas para os desafios das mudanças climáticas. Educação configura, portanto, o ponto de partida para o desenvolvimento de colaboradores para atuar nas operações e nos negócios da indústria da construção.

As universidades e cursos profissionalizantes têm papel fundamental nesse processo. Já existem experiências inspiradoras, como o programa de Dupla-Formação da Escola Politécnica e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em que os alunos podem concluir a formação em sete anos, cinco no curso de origem e mais dois na segunda opção. Assim, une-se a visão técnica dos engenheiros com o olhar mais amplo dos arquitetos, colaborando entre si pelo desenvolvimento sustentável da indústria da construção.

Porém, para ser melhor abordado nas universidades e melhor trabalhado pelos seus profissionais, o setor precisa ser conhecido em sua complexidade. Sem um amplo conhecimento sobre seus players, não se lida com os desafios e demandas de um futuro com recursos naturais cada vez mais escassos.

Atento a isso, o PNUMA lançou em 2014 o relatório Greening the Building Supply Chain (Tornando Verde a Cadeia de Fornecedores da Construção), a fim de apresentar à indústria e seus fornecedores maneiras de mitigar os impactos ambientais pelos quais são responsáveis, conforme mostra a tabela a seguir.

Em outro documento publicado pelo PNUMA, com foco em educação para a construção civil, cita-se uma frase de Richard Register, pioneiro no movimento das ecocidades, sobre o papel da formação na vida das pessoas, ainda que elas não estejam cientes disso: “Nós ensinamos como construir, mas o que construímos nos ensina como viver.”

Ao fazer tal referência, o estudo Guidelines on Education Policy for Sustainable Built Environments (Diretrizes sobre Políticas Educativas para Construção de Ambientes Sustentáveis) procura mostrar a constante influência da inter-relação do homem com o ambiente – seja ele construído ou não – sobre a sociedade, como os efeitos da poluição, da baixa qualidade do ar, do consumo de recursos, das desigualdades socioeconômicas, das mudanças climáticas, do desperdício.

Minimizar os impactos socioambientais das construções revela-se, portanto, um desafio urgente, e os sistemas de certificações têm grande potencial de fazê-lo. Para Felipe Faria, diretor gerente do Green Building Council (GBC) no Brasil, o selo trouxe elevação do padrão técnico para o mercado como um todo, funcionando também como um mecanismo de educação profissional.

Por trás da certificação, seja ela qual for, ocorre uma infinidade de práticas sociais em lugares vulneráveis quando o governo não está presente, além de influenciar nas políticas públicas. No Brasil, as mais conhecidas são o LEED e suas variantes, o ACQUA e o Procel Edificações. A ISO, principal desenvolvedor de padrões internacionais, também coopera para a adaptação do setor às mudanças climáticas ao promover métodos e avaliações do desempenho ambiental e desenvolver indicadores de sustentabilidade.

Todavia, já ganha corpo a tendência de que as edificações não devem se restringir a limitar danos, mas sim, ir além e reparar serviços ecossistêmicos. Em outras palavras, trata-se de pensar a construção sustentável como um processo de melhoria contínua no setor, o que, segundo os especialistas Alex Opoku e Vian Ahmed, editores do livro Leadership and Sustainability in the Built Environment (Liderança e Sustentabilidade no Ambiente da Construção), depende do envolvimento das lideranças dessa indústria, conhecidas por incentivar inovações e melhorias de performance.

Líderes sustentáveis precisam ser agentes de transformação na sociedade em que estão inseridos, abordando problemas socioambientais no meio empresarial para educar colaboradores e stakeholders e colocar em prática a gestão da sustentabilidade.

E para ter mais líderes assim na indústria da construção, cabe às escolas propagarem uma consciência sustentável e formar profissionais mais bem preparados, imbuídos de conhecimento, habilidades e valores ligados ao tema. Em paralelo, as empresas passam a valorizar gestores, funcionários, fornecedores e outros stakeholders também formados com os princípios da sustentabilidade.

Com uma conscientização abrangente e as conseqüentes mudanças no estilo de vida e nos padrões de compra dos consumidores, é possível influenciar os processos produtivos da indústria e propagar uma cultura social e ambientalmente correta.

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