Artigo – Água: a hora de agir

Artigo – Água: a hora de agir

Sendo a commodity mais básica e necessária do planeta, a água potável representa nosso bem mais precioso – para o qual não há substituto – ainda mais se considerarmos que a falta desse recurso não diz respeito apenas a um risco, mas a uma crise iminente.
Mudanças nos padrões de precipitação e encolhimento de geleiras, processos já reportados no relatório IPCC’s Fourth Assessment Report, estão afetando o suprimento de água, enquanto a poluição de fontes hídricas representa um motivo de preocupação a mais. Além disso, a demanda por água potável tem aumentado inexoravelmente devido ao rápido crescimento da população mundial, urbanização e aumento do consumo per capita.
De acordo com recente relatório da consultoria McKinsey intitulado Charting Our Water Future (Traçando o Futuro da Água), a procura crescente por recursos hídricos pode levar a uma escassez da oferta de água estimada em 40%, em 2030. Isso certamente representa um grande risco para os negócios. Empresas começam a enfrentar a falta de suprimentos hídricos dentro de suas próprias operações e de suas cadeias de fornecedores e a regulamentação tende a aumentar o preço da água e restringir sua disponibilidade para setores ou negócios específicos. Além disso, a reputação das companhias pode ser questionada quando se trata do uso compartilhado desse recurso.
Investidores também já consideram o tema de crescente importância. Em relatório de 2008, Watching Water: A Guide to Evaluating Corporate Risks in a Thirsty World (Observando a Água: Um Guia Para Avaliação de Riscos Corporativos em um Mundo Sedento), a JP Morgan Global Equity Research recomenda a avaliação sobre fontes hídricas, vulnerabilidade para escassez e poluição de água em portfólios de investimento.
Há pouca dúvida de que é chegada a hora para uma ação mais efetiva nessa área. De fato, considerando o tema estratégico, as empresas não terão apenas a capacidade de mitigar riscos, mas também de aproveitar oportunidades.  Redução de custos operacionais relacionados a medidas de eficiência; adequação à estrutura regulatória e captura de novas fatias de mercado por meio da oferta de produtos hídricos eficientes que atendam às necessidades de consumidores são algumas delas. Desse modo, as companhias conseguem gerar um efeito positivo na comunidade e aprimorar a própria licença ambiental de operação.
O primeiro passo para um negócio no enfrentamento a esse desafio é preocupar-se com suas próprias ações. É importante que as companhias comecem a medir e reportar o uso que fazem da água, os riscos e oportunidades em suas operações e cadeias de suprimentos, além de relatarem seus planos de gestão e aprimoramento na área.
O CDP Water Disclosure amplia a consciência e o entendimento das empresas sobre o uso de recursos hídricos por meio de uma requisição para que elas meçam e revelem informações de alta qualidade sobre essas questões. É o insight ganho nesse processo que coloca as companhias na posição de tomar uma atitude e melhorar sua performance.
Importante destacar que a informação coletada pelo CDP Water Disclosure fica disponível a investidores e outros stakeholders para integração à tomada de decisão de investimentos, replicando a abordagem já testada no Carbon Disclosure Project (CDP) para carbono e mudanças climáticas.
Há muito trabalho a ser feito e desafios a serem superados, mas, frente a uma crise hídrica iminente, as empresas não têm tempo a perder para iniciar essa jornada. A consciência crescente sobre uso, riscos e oportunidades associados ao tema traz um insight necessário às companhias para a gestão de recursos hídricos. Esse é o primeiro passo vital que elas podem dar para agir em relação à água.
*Marcus Norton é chefe do CDP Water Disclosure, projeto integrante do
Carbon Disclosure Project.

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