Artigos – Fazendo a coisa certa

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Questões de sustentabilidade para pequenas empresas
Quando me pedem para indicar os nomes das empresas que estão liderando ou ficando para trás na corrida da sustentabilidade, invariavelmente começo falando sobre corporações globais – como a Dupont, General Electric, Unilever, Citibank ou PepsiCo– que hoje perseguem a idéia de ocupar o topo do Índice de Sustentabilidade Dow Jones, ou companhias como a Exxon, que parecem não entender ou simplesmente não se importar com o tema.
Geralmente esqueço de mencionar pequenas empresas. E isso é um sério equívoco na medida em que elas são, em todo o mundo, o motor que impulsiona o crescimento econômico, cria empregos e supre muitas pessoas com a sua visão inicial de como as empresas operam. Não se pode, portanto, pensar em ampliação do movimento de sustentabilidade se este não mobilizar também dirigentes de negócios com três, vinte ou cem empregados.
E aí é que reside o problema. A sustentabilidade ou a responsabilidade social empresarial representam, normalmente, uma idéia difícil para pequenos empresários. A maioria tem se mostrado surda ao som do jargão desses conceitos. E aqueles que o ouvem, concentram-se nas pequenas ações do aqui e do agora, não em grandes questões sociais e ambientais que podem ser ampliadas para o futuro. Mais grave ainda: eles não prestam mais atenção ao assunto porque não conseguem enxergar as conexões com a melhoria dos seus negócios. Na verdade, as pequenas podem ter mais a ganhar do que as grandes na identificação do que classifico como “pontos doces da sustentabilidade”— a intersecção entre os interesses dos seus negócios e os da comunidade ou do meio ambiente.
Sem grandes verbas de publicidade ou mesmo condições de atingir uma escala de consumo nacional, as pequenas empresas dependem mais da boa vontade local e de um “boca a boca” positivo para aumentar a sua reputação. Um negócio local que agride o ambiente ou faz mal à comunidade provavelmente não vai durar muito tempo. Por outro lado, uma empresa que aceita o desafio de gerar resultados econômicos junto com sociais e ambientais está muito mais próxima da nova noção de sucesso, entre outras razões, porque este tipo de atitude atrai e potencializa as relações com os consumidores locais de seus produtos ou serviços.
Esqueça, portanto, o jargão e os clichês. Se você que lê este artigo, é dono de ou administra uma pequena empresa, conscientize-se de algo muito importante: qualquer movimento no sentido de “fazer a coisa certa”, construindo uma estratégia de sustentabilidade, virá cercado de oportunidades e desafios. Mas é um esforço que vale a pena e pode ser fundamentado em princípios e idéias simples, especialmente se alguns dos itens a seguir descrevem o seu negócio:
1. Você produz mercadorias e serviços para grandes empresas: Grandes companhias estão “esverdeando as suas cadeias de fornecedores” e fazendo do desempenho ambiental e social uma condição para escolher parceiros comerciais. O Wal-mart, por exemplo, acabou de implantar um requerimento visando a redução no volume de pacotes que deve ser seguido pelos seus 60.000 fornecedores, muitos dos quais pequenas empresas. O McDonald’s tem um restrito código de condições aos fornecedores que engloba tudo, desde tratamento aos animais ao uso de pesticidas e trabalho infantil. Dê uma olhada nesses códigos e requerimentos para ver o que pode ser adequado para suas reflexões.
2. Você pode se beneficiar por ser visto como parte da economia local: Muitos consumidores estão fazendo agora, esforço consciente do “comprar aqui” como forma de apoiar a comunidade onde eles residem. Alimentos produzidos em um determinado local sempre foram vistos como mais frescos e de melhor qualidade do que comidas vindas de lugares desconhecidos. A preocupação com mudanças climáticas está fazendo com que as pessoas fiquem mais atentas às conseqüências ambientais de empacotar comida e água para transportar por longas distâncias. Muitos estão preferindo comprar as lojinhas locais ás grandes cadeias de varejista porque sentem mais confiança.
3. Você vê uma forma de aumentar os lucros ao resolver problemas sociais e ambientais: Muitas empresas cuja missão denegócios é ajudar a resolver problemas ambientais e sociais estão prosperando. No meu estado, Massachusetts, o setor de tecnologias limpas, composto basicamente por pequenas empresas, está crescendo de modo significativo—de energia solar à biotecnologia. Pequenas empresas, como Recycline, estão fazendo negócios para ajudar consumidores e a sociedade a reduzir o desperdício.
4. Você vê uma forma de reduzir custos por ser mais social ou ambientalmente ativo: Claro, pequenas empresas , assim como as grandes, podem economizar dinheiro e ajudar o planeta reduzindo o desperdício, economizando água ou energia—mais agora do que nunca com o custo do combustível e da eliminação de resíduos aumentando em muitos lugares.
5. Você vê uma forma de relacionar suas atividades com causas sociais e ambientais que vão aumentar os negócios: Muitos consumidores gostam de fazer negócios com empresas que compartilham dos seus valores e que estão investindo nas suas necessidades e apoiando suas causas. The Dancing Deer Bakery dá uma percentagem dos seus lucros às causas sociais e ambientais locais. (http://www.dancingdeer.com/howwethink2.html)
Com esses exemplos, minha intenção é mostrar que pequenas empresas podem obter muitas vantagens se optarem pelo caminho da sustentabilidade. Operando em uma pequena escala, são mais ágeis e estão mais aptas para identificar oportunidades e riscos associados ao “triple bottom line”. Além do mais, enfrentam menos barreiras para desenhar iniciativas e implementá-las, assim como encontram mais facilidade para avaliar os progressos Tempo e recursos para dar a partida costumam ser os maiores desafios. Mas se o pequeno empresário começa identificando um caso sólido de negócios, os recursos certamente surgirão.
Mirar-se no exemplo do que as grandes estão fazendo é uma atitude sensata. Mas as pequenas e médias devem ser cautelosas na escolha de um padrão de custos compatível com o seu porte, na emissão de relatórios e na aplicação de idéias viáveis e que façam sentido  aos seus negócios.
Andrew Savitz é diretor da Sustainable Business Strategies e autor do livro A Empresa Sustentável, um dos 30 livros de negócios mais lidos da atualidade
Para mais informações vá para o blog “The Triple Bottom Line”

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