A importância do cooperativismo na promoção da sustentabilidade

A importância do cooperativismo na promoção da sustentabilidade

Apesar de não ser um modelo de negócios tão recente, o cooperativismo tem se desenvolvido e se destacado na atualidade. Cada vez mais cooperativas surgem no Brasil e no mundo, e de acordo com a ONU, elas contribuem para economias e sociedades mais inclusivas, além de ajudarem na execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O cooperativismo consiste na união de profissionais ou empresas de uma mesma área em torno de um mesmo objetivo, com o intuito de crescerem conjuntamente e desenvolverem o seu segmento de mercado, mas sem perderem sua identidade. Os membros de uma cooperativa, portanto, são donos do próprio negócio que trabalham conjuntamente para seu crescimento individual e coletivo. Normalmente, as cooperativas são formadas por micro e pequenos empresários ou produtores, que não teriam, sozinhos, recursos suficientes para investir no setor onde atuam. O modelo de negócio, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), “busca transformar o mundo em um lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos”.

A importância das cooperativas

Para a OCB, o cooperativismo fundamenta-se em três conceitos:

  • Cooperação: o modelo, que incentiva o empreendedorismo, substitui a relação de emprego-salário por trabalho-renda. Quem define as regras de trabalho e atuação são as pessoas, e não uma instituição, ou seja, todos constroem e ganham juntos.
  • Transformação: um dos objetivos do cooperativismo é impactar positivamente também na comunidade e no mundo, atuando no desenvolvimento social e econômico.
  • Equilíbrio: é essencial para o sucesso de uma cooperativa que os membros coloquem lado a lado conceitos que podem parecer opostos, como o individual e o coletivo, o econômico e o social, a produtividade e a sustentabilidade.

Esse sistema de cooperação entre diferentes instituições e profissionais em prol do crescimento conjunto, mostra que é possível unir desenvolvimento social e econômico, sustentabilidade, produtividade, o individual e o coletivo. O cooperativismo beneficia as pessoas, o país e o planeta.

Atualmente, as cooperativas atuam em diversos setores, como agropecuária, comércio, habitação, educação, entre outros. No agronegócio, maior força da economia brasileira, estima-se que 48% do que é produzido no campo passa, de alguma forma, por uma cooperativa, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE. O cooperativismo agropecuário é responsável por quase 50% do PIB agrícola do país, e envolve mais de 1 milhão de pessoas.

Leia também: Sustentabilidade é a solução para o Agronegócio

Como surgiu o cooperativismo?

O conceito de cooperativismo surgiu na Inglaterra, no início da Revolução Industrial, como uma resposta de um grupo de trabalhadores, principalmente tecelões, ao aumento de desemprego e baixos salários pagos pelas empresas europeias. Sem conseguir comprar o básico para sobreviver, um grupo de 28 pessoas se uniu para comprar alimentos em grande quantidade e, assim, com preços melhores e montar seu próprio armazém.

Nasceu, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale”, primeira cooperativa moderna, cujos valores e princípios morais  – honestidade, solidariedade, equidade e transparência – são considerados até hoje a base do cooperativismo. A sociedade cresceu e, quatro anos depois, os 28 trabalhadores se transformaram em 140 membros. Mais tarde, em doze anos, o grupo contava com 3450 sócios e um capital social que cresceu de 28 para 152 mil libras.

No Brasil, o modelo de cooperativas é observado desde a época da colonização, estimulada por funcionários públicos, militares, profissionais liberais, operários e imigrantes europeus. Contudo, o movimento teve inicio, oficialmente, em 1889, com a fundação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais. O objetivo da cooperativa era o consumo de produtos agrícolas.

Dados do Brasil e do mundo

Segundo a OCB e o Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais, o cooperativismo no mundo já alcançou os seguintes índices:

  • 250 milhões de empregos gerados
  • Congrega 1 bilhão de pessoas
  • 1 a cada 7 pessoas do mundo é associada a uma cooperativa
  • São cerca de 2,6 milhões de cooperativas no mundo
  • Só no Brasil, 6.655 mil cooperativas estão registradas na OCB
  • Existem cooperativas em mais de 100 países
  • Se as 300 maiores cooperativas fossem um país, este seria a 9ª economia do mundo
  • Essas 300 maiores cooperativas geram um volume anual de 2,5 trilhões de dólares em negócios (mais do que o PIB da França)

O cooperativismo, ODS e a Agenda 2030

Após reconhecimento da ONU sobre a importância das cooperativas para a promoção do desenvolvimento sustentável, entidades vêm estabelecimento parcerias institucionais. No Brasil, em 2018, a OCB, o Serviço Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) assinaram e oficializaram uma parceria, que prevê o comprometimento das cooperativas com a construção de uma sociedade e economia mais justas, sustentáveis, equilibradas e com melhores oportunidades para todos.

Saiba mais: As cooperativas e o desenvolvimento sustentável

“A ONU considera o cooperativismo uma ferramenta essencial para construir uma sociedade mais justa e sustentável. Onde uma cooperativa se instala, ali são disseminados os valores desse modelo de negócio e, o resultado disso é o fortalecimento dos direitos humanos em todos os níveis”, afirmou, durante a ocasião, Niky Fabiancic, coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante-residente do PNUD.

A partir do acordo, as ações das cooperativas brasileiras deverão estar ainda mais alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e integradas às metas globais da Agenda 2030. “Este acordo funcionará como um documento guarda-chuvas para futuras ações de cooperação entre os sistemas ONU e OCB. As atividades previstas envolvem capacitações para dirigentes cooperativistas, produção de material informativo e parcerias para eventos nacionais e internacionais”, explica Renato Nobile, superintendente do Sistema OCB.

Entenda melhor: A relação entre Cooperativismo e Sustentabilidade

Escrito por Marcos Cardinalli

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