Líder sustentável: aprendiz e professor

Líder sustentável: aprendiz e professor

O aprendizado e o ensinamento do líder sustentável

O que é necessário para ser um líder sustentável? Em minha opinião é um conjunto de atributos, mas essencialmente a disposição para ouvir e aprender.

Essas características permitem captar os anseios da sociedade e, sob essa ótica, analisar os impactos de uma empresa, para além dos aspectos econômicos. O maior benefício dessa análise apurada é direcionar a atuação da empresa para obter resultados no negócio ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento da sociedade.  Algo indispensável para a sobrevivência das empresas.

A melhor forma de exercitar essas habilidades é o diálogo. Nessa prática, o líder conhece a necessidade do outro, compreende como a atividade da empresa afeta a vida das pessoas e tem a possibilidade de apresentar os objetivos corporativos e como e quando convergem os interesses da sociedade com os do negócio.

Com a missão de estabelecer diretrizes e inspirar comportamentos, cabe ao líder também estimular a análise franca dos impactos (externalidades) negativos da atividade, sob os aspectos sociais e ambientais e, com atitude, provocar suas equipes a pensar maneiras de mitigá-los ou evitá-los, inseridas na própria estratégia de negócios. Sem assistencialismo ou visões distorcidas.

As empresas contam com recursos para fazer isso e não devem se furtar a contribuir de modo relevante à sociedade. Algumas corporações devem e podem liderar mobilizações sociais com o propósito de melhorar a vida das pessoas ao lado de parceiros como a própria comunidade e o Estado.

No entanto, esse não é um caminho fácil. E, embora seja um ponto de partida, não deve limitar-se à construção do diálogo. Para ter legitimidade e credibilidade esse processo deve ser formado com práticas coerentes com o discurso.

As ações da empresa também irão “falar” por ela. Espera-se que o diálogo franco e honesto abra caminho para as ações. Nesse momento do processo, a liderança terá sua prova de sustentabilidade e deverá tomar decisões e orientar iniciativas da empresa segundo critérios ambientais e sociais equilibrados com o econômico.  Não existe fórmula para isso. E quanto antes o líder compreender a necessidade desse comportamento para criar uma evolução saudável da companhia e estimular suas equipes a trilharem o mesmo caminho, melhor para a empresa. O processo é de aprendizado e ensinamento. Acredito que é uma maneira de moldar o líder sustentável, alternando os papéis de aprendiz e professor, buscando aprender como se relacionar com o mundo e estimular suas equipes com a contínua construção do diálogo e práticas coerentes.

José Luciano Penido é presidente do Conselho de Administração da Fibria Celulose S.A. e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

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