ONU lança o novo Relatório Mundial sobre água

ONU lança o novo Relatório Mundial sobre água

Nas vésperas do Dia Mundial da Água, a ONU lançou a nova versão do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos. O relatório mundial sobre água consiste em um importante documento com dados, estatísticas e informações sobre os recursos hídricos, como um apelo global para ações dos governos, empresas, instituições e sociedades em favor do uso consciente e sustentável da água.

Dados sobre a escassez de água

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu, em 2015, o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. É tema do ODS 6 – Água Potável e Saneamento.

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A água é um recurso cuja escassez pode causar mortes e conflitos internacionais, além de prejudicar a biodiversidade e comprometer setores da economia.

O recurso é extremamente essencial para a existência da vida na Terra e, apesar de ser abundante no planeta, a água potável corre sérios riscos de se esgotar. De acordo com dados divulgados pela ONU, aproximadamente 3 bilhões de pessoas sofrerão com a sua escassez em 2025.

Entre os fatores que comprometem a disponibilidade de água potável estão:

  • Crescimento populacional
  • Poluição
  • Desmatamento
  • Mudança do curso natural dos rios
  • Desperdício
  • Mudanças climáticas

Anualmente, em todo Dia Mundial da Água, a ONU lança nova edição do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos. De acordo com a versão de 2019, apesar do acesso à água e ao saneamento ser reconhecido mundialmente como um direito humano, mais de 2 bilhões de pessoas no planeta não usufruem desse direito.

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Informações do novo Relatório Mundial sobre água

Confira alguns dados interessantes – e alarmantes – levantados pelo novo Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos:

  • Mais de 2 bilhões de pessoas vivem em países que experimentam estresse hídrico (proporção anual entre o total de água potável retirada pelos principais setores e a quantidade total de recursos hídricos renováveis);
  • 31 países experimentam estresse hídrico entre 25% (que é definido como o patamar mínimo) e 70%. Outros 22 países estão acima do nível de 70% e, por isso, encontram-se em uma grave situação;
  • Cerca de 4 bilhões de pessoas (quase dois terços da população mundial) vivenciam uma escassez de água grave durante, pelo menos, um mês do ano;
  • Cerca de 90% de todos os desastres naturais são relacionados à água;
  • 5% dos desastres naturais são causados pela seca. Ela afeta 1,1 bilhão de pessoas, matando mais 22 mil e causando US$ 100 bilhões em prejuízos;
  • Mais de 80% das águas residuais, em todo o mundo, retornam ao meio ambiente sem tratamento;
  • Várias doenças relacionadas à água continuam aumentando, como a cólera e esquistossomose. A maioria dos casos ocorre nos países onde apenas uma proporção muito pequena de águas residuais e urbanas é tratada;
  • Em todo o mundo, apenas 2,9 bilhões de pessoas (39% da população mundial) tiveram acesso a serviços sanitários gerenciados de forma segura em 2015.

Saneamento e tratamento

O problema com a água envolve muitas questões, que vão desde à escassez desse recurso em algumas regiões do planeta até a falta de saneamento básico, em que os resíduos – tanto urbanos quanto industriais – são despejados em água corrente ou no solo sem nenhum tipo de tratamento. Não só a falta de água prejudica inúmeras vidas, mas também a poluição e contaminação dos recursos hídricos.

Como apontado pelo novo relatório da ONU, doenças relacionadas à água têm aumentado no mundo. A diarreia, por exemplo, é uma das principais causas da mortalidade infantil.

A seguir, alguns dados sobre a diarreia que alertam para a importância do saneamento:

  • 2º lugar na lista de doenças mundiais: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diarreia ocupa o segundo lugar na lista de doenças mundiais;
  • Mata 1,5 milhão de crianças por ano: a enfermidade chega a matar cerca de 1,5 milhão de crianças por ano. Mata mais que doenças como Aids, sarampo e malária juntos, segundo informações do relatório do Unicef 2009;
  • 88%dos casos se relacionam com saneamento: aproximadamente 88% dos casos de mortes por diarreia são atribuídos à contaminação da água, causada principalmente pela falta de higiene e saneamento inadequado.

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Água na indústria e agronegócio

Além das questões relacionadas a saneamento básico, as Nações Unidas tem enfrentado uma crise global causada, também, pela demanda de água para os setores agrícolas, industriais e comerciais.

“Globalmente, a demanda de água deverá aumentar significativamente nas próximas décadas. Além do setor agrícola, que é responsável por 70% das captações de água em todo o mundo, grandes aumentos da demanda de água são previstos para a indústria e produção de energia. A urbanização acelerada e a expansão dos sistemas municipais de abastecimento de água e saneamento também contribuem para a crescente demanda”, afirma trecho do Relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos de 2017.

De acordo com o relatório de 2019, a agricultura – incluindo irrigação, pecuária e aquicultura – é a principal consumidora de água. Corresponde a 69% da retirada anual de água em todo o mundo. Já a indústria, incluindo a geração de energia, responde por 19%, e as residências particulares por 12%.

Além disso, as mudanças climáticas também podem impactar negativamente na economia. Ainda segundo o novo documento, aproximadamente 80% das terras cultivadas no mundo dependem das chuvas, e 60% dos alimentos são produzidos em terras regadas apenas pelas águas pluviais.

“Os números falam por si. Como mostra o relatório, se a degradação do meio ambiente natural e a pressão insustentável sobre os recursos hídricos mundiais continuarem a ocorrer nas taxas atuais, 45% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 40% da produção mundial de grãos estarão em risco até 2050”, afirma Gilbert Houngbo, diretor da ONU Água e presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Para a indústria, a água possui um alto valor em toda a cadeia do negócio, da produção à logística, bem como na energia utilizada, uma vez que as hidrelétricas correspondem à principal fonte energética do Brasil. Caso o país enfrente uma escassez de água, a produção e economia brasileiras serão gravemente comprometidas.

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Museu Planeta Água

Com o alerta dado pela ONU, algumas decisões já estão sendo tomadas para reverter a situação da escassez de água. Apesar de ainda serem poucas, ações compartilhadas por empresas, instituições e pessoas do setor público e privado geram um impacto positivo e impulsionam novas atitudes.

No Brasil, está sendo desenvolvido o maior museu dedicado exclusivamente ao estudo da água. É o Museu Planeta Água, com sede em Curitiba. O espaço museográfico será interativo e adotará uma abordagem multidisciplinar e abrangente. Comprometendo-se com a missão de informar, educar, conscientizar e sensibilizar as pessoas sobre a importância da água, o museu apresentará todos os aspectos relacionados a esse tão importante recurso, que incluem as questões científicas, históricas, educacionais, sociais e de saúde.

Saiba mais sobre este projeto: Museu Planeta Água será o maior espaço museográfico do Brasil dedicado à questão hídrica.
 
Escrito por Marcos Cardinalli

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