Ram Charam

Ram Charam

Inovando para o bem-estar social
Dar voz a minorias, voltar a inovação para o bem-estar social e promover a elevação do espírito humano para o desenvolvimento sustentável. À primeira vista, as lições podem soar ingênuas para o competitivo mundo empresarial. Mas saídas da boca de Ram Charan, um dos mais populares – e ativos – gurus de gestão da atualidade, que já atuou nos bastidores de grandes corporações, como DuPont, General Eletric, Ford, Duke Energy e Verizon,
Ram Charan
elas indicam que os tempos são outros no mundo dos negócios.
Em visita ao Brasil para participar do Global Fórum América Latina, o consultor que começou a carreira ainda adolescente, na mercearia do pai e foi o primeiro professor indiano a dar aulas na Harvard Business School, surpreendeu a platéia com a simplicidade de suas proposições para adaptar modelos mentais e de negócios ao conceito da sustentabilidade.
“A chave para o desenvolvimento sustentável está em usar o cérebro, desenvolver a mente e o raciocínio lógico. Não podemos confundir o poder de raciocinar com o poder do conhecimento. As pessoas – mesmo as analfabetas e que vivem na pobreza – têm o poder de raciocinar e é com o raciocínio que devemos trabalhar. É preciso fazê-las falar, ouvi-las, orientá-las para articular o pensamento lógico”, ensinou.
Segundo Charan, todo mundo pode colaborar com o desenvolvimento sustentável de outra pessoa, grupos ou comunidades. Para ele a colaboração não exige dinheiro, mas sim tempo, dedicação, paixão e a aplicação das ferramentas corretas.
Para ilustrar sua tese ele relatou a história de um assistente social indiano que desenvolveu uma linguagem de toques para ajudar uma menina surda-muda a se comunicar e assim reintegrá-la à sociedade. Charan também conta uma experiência de um médico californiano que desenvolveu um sistema em Uganda (África) para melhorar as condições de saúde de uma comunidade. Pagando apenas um dólar, as pessoas tinham acesso à assistência médica. Esse preço, perfeitamente acessível, permitiu o custeio dos serviços médicos e, conseqüentemente, a melhoria das condições de saúde da comunidade. “O que se fez em Uganda é resultado da disposição em colaborar, com a aplicação de ferramentas corretas”, explicou.
Charan destacou ainda a importância da cooperação na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços. Segundo ele, as pessoas trocam informações a cada segundo e esse conhecimento deve ser considerado nos processos de inovação. “Cerca de 75% da informação que será gerada nos próximos três anos virá dos consumidores”, pontuou.
Ainda segundo ele, os conhecimentos e experiências já existentes não podem ser deixados de lado, com a vantagem de que hoje a tecnologia proporciona conhecer as mais variadas inovações em todo o mundo. “Há pouca coisa nova, por isso não reinvente a roda. Use o google e descubra onde está tudo isso. Pode haver iniciativas interessantes na Polônia, Rússia e em qualquer outro lugar do mundo. Ao desenvolver uma pesquisa, use o capital intelectual já existente, agregue esses conhecimentos”, aconselhou.
Conciliar diferenças em um ambiente favorável à integração social é o grande desafio para as companhias que desejam manter-se inovadoras no mercado, segundo Charan. “A empresa do futuro contará com pessoas de múltiplas culturas, por isso vai ter que ser mais flexível que hoje. Haverá maior ênfase no treinamento e formação de líderes”, prognosticou.
Em seus livros, Charan mostra o lado prático dos negócios. Em relação à sustentabilidade não poderia ser diferente. Abaixo confira os 10 princípios enumerados pelo especialista para implementação de iniciativas que visam à inovação social.

Resultados
 
Assim como a missão, os resultados a serem atingidos devem estar claros desde o planejamento de qualquer ação ou projeto. A maioria das pessoas acaba definindo missões, mas não estipula resultados de maneira palpável. É preciso usar a mente e buscar resultados mensuráveis.
 
Lideranças locais
O comprometimento local é determinante para o sucesso de qualquer iniciativa. Por isso, depois de definidos os objetivos e ambições do projeto é hora de identificar quem são as pessoas que podem se comprometer localmente com a causa. E não há outro caminho para descobrir isso senão o de conhecer a realidade com a qual se pretende trabalhar e as pessoas que fazem parte dela.
 
Consenso
Estabelecido o primeiro contato com os envolvidos no projeto, é o momento de estimular o diálogo e a busca de consensos que proporcionarão a integração social. Nesse estágio, começam a surgir os insights que apontam para as soluções.
Empresas e inovação
Longe de ser um problema, não ter dinheiro induz pessoas e organizações à inovação. E as empresas não só podem como devem trabalhar com essa perspectiva para tornar produtos e serviços acessíveis às pessoas mais pobres. O dinamismo e criatividade das empresas devem se voltar para a promoção de uma sociedade justa e sustentável.
Convicção
Sempre que a iniciativa não estiver funcionando conforme o planejado, deve-se observar se as pessoas envolvidas estão realmente de acordo com o projeto. Se esse cenário for identificado, recomenda-se que os integrantes voltem para a fase do diálogo.
 
Paixão
A presença de um líder é fundamental para que um projeto possa seguir adiante. O sucesso está em encontrar líderes apaixonados pela causa.
 
Humildade
Sempre que um líder sentir que fez o que deveria ter feito por uma causa e começar a querer menções honrosas por suas ações, ele deve procurar outra causa e começar tudo de novo. O ego pode levar um projeto ao fracasso.
 
Prioridades
Não dá para abraçar o mundo. Cada projeto deve estabelecer, no máximo, três prioridades. O diálogo entre acadêmicos, empresários, governos e comunidade local facilita a definição e a revisão de objetivos. Se você tem 500 prioridades, não tem nenhuma. Use palavras exatas, evitando conceitos e definições genéricas.
 
Criatividade
A criatividade é um recurso fundamental. A internet registra uma série de experiências e, por meio dela, fica fácil encontrar as pessoas que possuem as melhores idéias, recursos, novos modelos de negócios e projetos que viabilizem, por exemplo, a acesso a produtos e serviços pelas camadas mais pobres. Não se surpreendam se um jovem de baixa renda tiver uma idéia brilhante e disponibilizá-la na web.
 
Felicidade
O objetivo final de qualquer iniciativa deve ser a felicidade. A maioria dos grandes executivos tem muito dinheiro, mas está infeliz. Muito provavelmente porque se dedicam a causas que têm pouco ou nenhum sentido para as suas vidas. Tenha em mente que a vida é a felicidade.
Seja feliz e, mais importante, faça outras pessoas felizes.”

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