Cobertura excessivamente factual, superficial e pouco crítica, e jornalistas com dificuldades em relação ao conceito de responsabilidade social e em relacioná-lo com questões de desenvolvimento social. Essas foram as principais conclusões da pesquisa Empresas e Imprensa: Pauta de Responsabilidade – Uma Análise da Cobertura Jornalística sobre a RSE, realizada pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e pelo Instituto Ethos, que se baseou em 750 matérias veiculadas nos 54 principais jornais do país, entre agosto de 2003 e setembro de 2004.
Uma das constatações apresentadas pelo estudo indica que o conceito de responsabilidade social empresarial é empregado na maioria das matérias (75%) como sinônimo de atitudes e práticas empresariais. “Nota-se que a definição de ‘socialmente responsável’ ainda é muito mal interpretada. De acordo com o levantamento, 26,7% dos textos analisados vêem a RS como uma obrigação empresarial, e não é isso”, afirma Veet Vivarta, secretário-geral da Andi.
Outro dado é a ausência de uma editoria especializada nos veículos analisados. Por essa razão, a falta de apuração, as coberturas superficiais e as matérias meramente descritivas são muito comuns. “O cenário da responsabilidade social tem complexidades que demandam um maior aprofundamento. A editoria de Economia possui uma importância enorme para um veículo; já a de Responsabilidade Social, que também deveria ter seu espaço e atenção, tende a ser posta em segundo plano”, defende Vivarta.
O estudo concluiu ainda que a cobertura realizada pela mídia impressa está muito longe da ideal, embora já existam sinais de que essa situação possa melhorar. Para isso, é necessário que sejam feitos investimentos em capacitação para os profissionais de comunicação, por meio de cursos, seminários e literatura, por exemplo.